A Cidade de Fafe

O concelho de Fafe estende-se por uma área de 224 Km2, situando-se num planalto cuja altitude se aproxima em média dos 562 metros, chega a atingir pontos na ordem dos quase 900 metros. Com uma população que se aproxima dos 55 mil habitantes, Fafe inscreve-se em pleno Verde Minho, mais concretamente na sub-região do Vale do Ave, de que o mais importante afluente, o Vizela, nasce no território do município.
Como qualquer outro concelho, Fafe teve grande propensão para a emigração. Na realidade, o séc. XIX marcou as terras de Fafe, sobretudo com a forte incidência emigratória para o Brasil, na época a terra mais apropriada, à procura de fortuna. Muitos destes emigrantes transportariam para Fafe as suas economias (muitas) aplicando-as na construção de belos edifícios e palacetes.
Os anos sessenta marcaram outra fase de grande emigração, nomeadamente na corrida para os países da Europa onde a mão-de-obra era escassa – Alemanha, França, Bélgica, Suíça e Luxemburgo. Em menor escala, a África do Sul, o Canadá e a Venezuela receberam emigrantes destas terras, ainda que para o Brasil se fossem registando amiudadas deslocações.
O movimento emigratório operou grandes transformações nos “usos e costumes” dos fafenses, de um modo particular no pensamento, na economia e na cultura, que permitiu um significativo progresso no crescimento económico, fruto das transferências de capitais e sua aplicação.
Em Fafe, os visitantes encontram diversos motivos de interesse histórico digno de serem apreciados, nomeadamente as edificações caracterizadas por uma arquitetura e decoração de “gosto brasileiro” conseguidas pelos emigrantes que no Brasil fizeram fortuna e aplicaram os seus capitais

Prato principal

A Vitela Assada à Moda de Fafe

A vitela assada projetou a gastronomia fafense por todo este país, desde pelo menos o século XIX. É a coroa de glória dos comeres locais. Há outros pratos, naturalmente, mas o mais típico e apreciado é, sem dúvida, a “Vitela Assada à Moda de Fafe”, em defesa e promoção da qual foi criada uma confraria gastronómica em 2013.

Na verdade, o concelho de Fafe, além das afamadas bandas de música, da Senhora de Antime e da polémica “justiça”, é conhecido a nível nacional pela saborosa vitela.

No último quartel do século XIX, escrevia José Augusto Vieira que é “afamada a vitela de Fafe”, notando-se que neste local “é grande relativamente aos outros concelhos, a matança de vitelas, e que até se exportam, pela fama que têm, por outras localidades”. O autor de “O Minho Pitoresco” enaltece, por mais do que uma vez, a “deliciosa vitela, que torna Fafe uma celebridade entre os amadores da carne tenra e branca”.

Os melhores restaurantes da cidade servem o apetitoso manjar, assado em forno a lenha e servido em nacos, acompanhado de batata e regado com o famoso vinho verde da região. É o prato típico das Feiras Francas de Maio e das Quartas-feiras, enquanto o anho assado é o das Festas do Concelho. Neste contexto, sobressaía, no século passado, a “Pensão Zé da Menina”, na Avenida 5 de Outubro, “rainha da vitela assada à moda de Fafe” e autêntica lenda viva na história da gastronomia fafense, tendo recebido vários prémios nacionais e internacionais.

Pela “catedral da gastronomia fafense” passaram, provando a melhor vitela de Fafe, individualidades ilustres do mundo do espetáculo, da cultura e da política, como as cantoras Tonicha, Hermínia Silva e Simone de Oliveira, o professor Freitas do Amaral, o general Soares Carneiro, a ministra Elisa Ferreira, entre muitas outras pessoas, sobretudo numa altura em que o comboio parava mesmo ao lado do restaurante.

A designação oficial da casa foi, durante toda a vida, “Pensão Vista Alegre” e se deve ao facto de o primeiros proprietários venderem louça daquela marca.

Outros pratos e outros sabores também por aqui se confecionam (como o cabrito serrano, ou o bacalhau à músico, entre outros) mas sem a fama daquela “especialidade” da tradição fafense.

Doçaria

O “pão-de-ló” e os “doces de gema” são mais duas das “especialidades” gastronómicas do concelho. Estes doces são feitos de forma tradicional, à base de ovos, açúcar, farinha e segredos que não podem ser desvendados. Mencionadas no livro de José Augusto Vieira, em 1886, cuja fama ainda se estende pelo país, havendo muitos apreciadores que se deslocam propositadamente a Fafe para os adquirir. No concelho de Fafe existem três “casas” que confecionam estes doces ainda de forma tradicional, sendo: a Doçaria de Arões, Doçaria de Fornelos e Doçaria Maria do Céu Freitas.